Informação sobre doenças da tireoide, causas, sintomas e tratamento das doenças da tireoide, incluindo os nódulos da tireoide.


Tratamento do Hipotireoidismo

O tratamento do hipotireoidismo, em geral, é necessário por toda a vida, a menos que seja transitório, como após uma tireoidite subaguda, ou reversível, induzido pelo uso de uma medicação que possa ser descontinuada.
Consiste na administração de levotiroxina sintética via oral, preferencialmente em jejum, pois a administração concomitante à alimentação pode diminuir em até 40% a sua absorção. Em situações habituais, aproximadamente 80% da dose ingerida é absorvida no intestino proximal e, devido à sua longa meia-vida de sete dias, a administração única diária resulta em concentrações constantes e estáveis de T3 e T4.
A dose deve ser estimada em cerca de 1,6 µg/kg de peso (podendo variar de 0,8 µg/kg a 2,0 µg/kg), geralmente sendo necessária uma dose mais elevada nos pacientes com câncer de tireoide tireoidectomizados e com hipotireoidismo central. Os valores de T4L se normalizam antes do TSH.
O TSH sérico é o melhor parâmetro para monitorar o tratamento do hipotireoidismo.
Deve ser reavaliado após três a seis semanas a fim de se ajustar a dose até a obtenção de concentrações normais do TSH, salvo nas situações específicas que serão discutidas posteriormente.
A partir daí, deve ser monitorado anualmente. O TSH acima dos valores normais indica a necessidade do aumento da dose de levotiroxina e o TSH suprimido indica a necessidade de diminuição da dose. O monitoramento do hipotireoidismo central, no entanto, deve ser feito através da dosagem do T4L e não do TSH.
Existem várias apresentações comerciais da levotiroxina no Brasil, de 25 µg a 200 µg, o que permite facilidade no controle preciso da dose necessária. O paciente deve ser orientado a manter a mesma marca de levotiroxina, devido à possibilidade de pequenas variações entre os fabricantes.
Pode-se iniciar a reposição de levotiroxina na dose plena nos pacientes mais jovens, porém pacientes idosos devem iniciar com doses menores.1 Após a introdução do tratamento, os pacientes já começam a notar melhora nos sintomas a partir da segunda semana, mas a recuperação completa pode levar meses no hipotireoidismo grave. O tratamento adequado reverte todos os sintomas do hipotireoidismo, exceto em casos de hipotireoidismo por tempo prolongado ou de demora no tratamento do hipotireoidismo congênito, que pode acarretar danos irreversíveis ao sistema nervoso central.
Doses acima do normal podem induzir hipertireoidismo subclínico (T4L normal e TSH diminuído) ou mesmo hipertireoidismo clínico. O principal risco nessa situação é a fibrilação atrial, que ocorre três vezes mais frequentemente em pacientes idosos com valores suprimidos do TSH do que em controles eutireoidianos.
Pacientes com hipertireoidismo subclínico, especialmente mulheres na pós-menopausa, podem ter uma aceleração na perda de massa óssea.

Hipotireoidismo

O hipotireoidismo é uma situação que resulta de uma produção insuficiente ou mesmo nula de hormonas tireoideias pela tiróide.
O hipotireoidismo muito grave denomina-se mixedema.
Na tireoidite de Hashimoto, a causa mais frequente de hipotireoidismo, a glândula tireoide aumenta e o hipotireoidismo aparece anos mais tarde, devido à destruição gradual das zonas funcionais da glândula. A segunda causa mais frequente de hipotireoidismo é o tratamento do hipertireoidismo. O hipotireoidismo costuma verificar-se quer seja pelo tratamento com iodo radioativo, quer pela cirurgia.
A causa mais frequente de hipotireoidismo em muitos países em vias de desenvolvimento é a carência crônica de iodo na dieta, que produzirá um aumento do tamanho da glândula, reduzindo o seu rendimento. Contudo, esta forma de hipotireoidismo desapareceu em muitos países, desde que os fabricantes de sal começaram a juntar iodo ao sal de mesa e desde que se utilizam desinfetantes com iodo para esterilizar os úberes das vacas. Outras causas, mais raras, de hipotireoidismo incluem algumas afecções herdadas, em que uma anomalia enzimática nas células da tireoide impede que a glândula produza ou segregue quantidade suficiente de hormônios tireoideanos. Outras perturbações pouco frequentes são aquelas em que o hipotálamo ou a hipófise não produzem hormônios na quantidade suficiente para estimular o funcionamento normal da tireoide.

Tratamento do Hipertireoidismo

Embora seja uma doença que tem várias opções de tratamento, o hipertireoidismo pode trazer algumas consequências bem graves se não tratado adequadamente. As consequências mais temidas são:
  • Arritmias cardíacas (podendo levar até à morte).
  • Osteoporose.
  • Alterações na visão, podendo levar até à cegueira.
Em casos onde a produção de hormônios da tireoide é absurdamente excessiva, podemos ter um quadro chamado de “Tempestade Tireoidiana”, onde o paciente pode chegar ao coma e até à morte.

O hipertireoidismo possui vários tratamentos diferentes, cada um indicado para cada paciente:
  • Medicamentos antitireoidianos – já existem medicamentos que diminuem a produção de T3 e T4 pela tireoide e que melhoram todos os sinais e sintomas do hipertireoidismo, podendo inclusive levar à cura.
  • Iodo radioativo – é uma terapia segura, amplamente utilizada na Europa e nos EUA, sendo indicada principalmente para pacientes que não responderam bem aos medicamentos antitireoidianos.
  • Cirurgia – em casos específicos, a cirurgia pode ser necessária para controle do hipertireoidismo.
Lembre-se que o hipertireoidismo tem várias causas e vários tratamentos. Em caso de sintomas da doença, procure um endocrinologista para discutir com ele as causas de suas queixas e quais são as alternativas de tratamento no seu caso.
Não utilize qualquer tratamento sem a orientação e supervisão de um médico.

Hipertireoidismo

O hipertireoidismo é uma síndrome clínica que resulta do aumenta da função da glândula tireoide acarretando a tireotoxicose, quadro clínico caracterizado pela exposição dos tecidos a uma quantidade excessiva de hormônios tireoidianos, mas que nem sempre se origina da hiperfunção tireoidiana. A elevação dos níveis circulantes desses hormônios é responsável por diversos efeitos deletérios em múltiplos órgãos, principalmente no sistema cardiovascular e ósseo. Seu excesso causa aumento da freqüência cardíaca, da pressão arterial sistólica e da massa e contração ventricular esquerda. A tireotoxicose pode levar ao desenvolvimento de complicações graves como insuficiência cardíaca congestiva, cardiomiopatia e arritmias, principalmente fibrilação atrial (10-30%). O hipertireoidismo também está associado ao aumento da reabsorção óssea, e elevação da excreção de cálcio e fósforo na urina e fezes, com conseqüente diminuição na densidade mineral óssea e risco de fraturas em mulheres idosas. Estudos de base populacional demonstram que pacientes com hipertireoidismo apresentaram maior risco de mortalidade devido a doenças cérebrovasculares, cardiovasculares e fraturas do colo do fêmur. A tireotoxicose é também causa de transtornos neuropsíquicos importantes, como agitação psicomotora, transtorno de ansiedade e instabilidade de humor.
A prevalência do hipertireoidismo é estimada em 0,5 a 2% na população em geral, sendo mais comum em mulheres.

Diagnóstico do Hipotireoidismo

Os sintomas clínicos do hipotireoidismo são geralmente inespecíficos, como fadiga, cansaço, queda de  abelos, constipação intestinal, diminuição de memória, alteração de peso, intolerância ao frio e irregularidade menstrual, entre outros. Sinais sugestivos incluem bradicardia, pele ressecada, unhas quebradiças edema não-compressível (mixedema), hiporreflexia, rouquidão, bócio. Dessa forma, a presença de vários desses sinais e sintomas deve levantar a suspeita do hipotireoidismo, cujo diagnóstico deve ser confirmado com a dosagem sérica do T4 livre (T4L) diminuída e do TSH elevada.
Em alguns pacientes, o TSH pode estar ligeiramente elevado, enquanto o T4L ainda se encontra normal, condição que caracteriza o hipotireoidismo subclínico.
Algumas situações merecem especial atenção ao se analisar o resultado do TSH na avaliação do hipotireoidismo:
  1. Quando existe doença hipofisária ou hipotalâmica — nesses casos, o TSH pode não se elevar;
  2. Em pacientes hospitalizados com doença sistêmica grave, já que vários fatores podem interferir na dosagem do TSH;
  3. Em pacientes recebendo drogas que afetem a secreção do TSH, principalmente dopamina, glicocorticóides, fenitoína e análogos da somatostatina, entre outras.
A fim de se evitar tais situações de interferências e/ou erros laboratoriais e situações de hipotireoidismo transitório, como tireoidite subaguda ou outras tireoidites, recomenda-se repetir a dosagem do TSH, juntamente com a do T4L após dois meses e assim decidir pela necessidade ou não do tratamento.

Sintomas do Hipotireoidismo

A insuficiência da tireoide provoca uma decadência geral das funções do organismo.
Em acentuado contraste com o hipertireoidismo, os sintomas do hipotireoidismo são subtis e graduais e podem ser confundidos com uma depressão. As expressões faciais são toscas, a voz é rouca e a dicção lenta; as pálpebras estão caídas, os olhos e a cara tornam-se inchados e salientes.
Muitos doentes com hipotireoidismo aumentam de peso, têm prisão de ventre e são incapazes de tolerar o frio.
O cabelo torna-se ralo, áspero e seco, e a pele torna-se áspera, grossa, seca e escamosa.
Em muitos casos desenvolve-se a síndroma do canal cárpico, que provoca formigueiro ou dor nas mãos.
O pulso torna-se mais lento, as palmas das mãos e as plantas dos pés aparecem um pouco alaranjadas  (carotenemia) e a parte lateral das sobrancelhas solta-se lentamente. Algumas pessoas, sobretudo os adultos, ficam esquecidas e parecem confusas ou dementes, sinais que facilmente se podem confundir com a doença de Alzheimer ou outras formas de demência.

Diagnóstico do hipertireoidismo

Há diversos tipos de exames para a investigação do hipertireoidismo, cada um deles com uma função diferente.
No exame de sangue, podem ser dosados:
  • T4 livre e T3 livre – são os hormônios produzidos pela tireoide que causam todos os sintomas da doença. Nos pacientes com hipertireoidismo, eles vão estar elevados.
  • TSH – este hormônio (produzido pela glândula hipófise) deveria controlar a produção de T3 e T4 pela tireoide. Como a tireoide está produzindo T3 e T4 “por conta própria”, os níveis de TSH estão baixos.
  • Trab (anticorpos anti-receptor de TSH) – este anticorpo está presente nos pacientes com DG e é a causa da Oftalmopatia de Graves.
Além do tradicional exame de sangue, o médico pode também solicitar uma Cintilografia de Tireoide. A cintilografia é um exame simples e praticamente sem riscos que faz um “mapa da produção” de hormônios pela tireoide, permitindo identificar áreas que produzam mais hormônios (em caso de nódulos) e ajudando na programação do tratamento.

Sintomas do hipertireoidismo

O hipertireoidismo tem uma série de sintomas que são muito característicos, entre eles:
  • Tremores finos nas mãos
  • Pele quente e úmida
  • Sudorese excessiva (“suor quente”)
  • Intolerância ao calor
  • Taquicardia ou palpitações
  • Queda de cabelos
  • Unhas quebradiças
  • Perda de peso, incluindo perda de massa muscular
  • Fraqueza muscular
  • Irregularidade menstrual
  • Atraso no crescimento (em caso de crianças e adolescentes)
  • Diarreia
  • Aumento do tamanho da tireoide – o chamado “Bócio”
Estes sintomas são gerais e causados pelo excesso dos hormônios tireoidianos. Uma das formas mais comuns do hipertireoidismo é a Doença de Basedow-Graves ou Doença de Graves.
Na Doença de Graves, o corpo humano produz um anticorpo que estimula a própria tireoide a produzir um excesso de T3 e T4. Além de agir na tireoide, este anticorpo age também nos olhos; deixando-os vermelhos e “esbugalhados” - a chamada Oftalmopatia de Graves.

Hipotireoidismo nos idosos

O sinal mais precoce é um aumento da TSH. O hipotireoidismo é frequente nos indivíduos idosos. Grandes estudos populacionais demonstram que uma em cada dez mulheres com mais de 65 anos tem um valor de TSH elevado. A grande maioria não tem qualquer sintoma, no entanto pode ser o início de uma falência da tireoide. É fundamental o seguimento regular destas situações.

Hipertireoidismo nos idosos

O hipertireoidismo é comum nos doentes idosos. Na maior parte dos casos os sintomas são típicos, nervosismo, palpitações, hipersudorese, tremor e perda de peso. Noutras situações os sintomas de hipertireoidismo podem ser escassos.
Os idosos com hipertireoidismo podem não apresentar sintomas característicos, mas têm o que por vezes se chama hipertireoidismo apático ou oculto. Simplesmente tornam-se fracos, sonolentos, confusos, introvertidos e deprimidos. Os problemas cardíacos, especialmente os ritmos cardíacos anômalos, observam-se muitas vezes nos pacientes de idade avançada com hipertireoidismo.

Hipertireoidismo na criança

A doença de Graves (um distúrbio do sistema imunológico) é responsável por quase todos os casos de hipertireoidismo, em crianças. Felizmente, essa é uma doença rara nessa faixa etária, afetando apenas uma em cada 10.000.000 de crianças. A doença de Graves tende a ser mais comum em adolescentes, e a probabilidade de disfunção tireoidiana é maior em meninas do que em meninos.
Pode ser difícil reconhecer a doença de Graves em crianças porque, muitas vezes, ela se desenvolve lentamente, mas mudanças de comportamento e desempenho escolar, insônia, inquietude/irritabilidade e a necessidade de levantar à noite para urinar são os sinais mais comuns que devem ser observados. Entre outros sintomas, a própria tireoide fica tão avolumada que pode ser visível, mãos trêmulas, aumento de apetite com perda de peso, diarreia e os clássicos olhos esbugalhados.
Raparigas que desenvolvem hipertireoidismo depois da puberdade muitas vezes têm menstruação leve e infreqüente, ou podem até parar de ter sangramento.

O tratamento de crianças com hipertireoidismo visa reduzir a quantidade de hormônios tireoidianos no sangue.
Pode-se escolher cirurgia para crianças com efeitos colaterais aos medicamentos antitireoidianas existentes. Ao contrário do que ocorre com adultos, o tratamento com iodo radioativo é improvável de ser usado porque são desconhecidos os efeitos de longo prazo em crianças e adolescentes. Os pais ficarão mais tranquilos ao ouvir que o tratamento é tão efetivo em crianças quanto em adultos.
Crianças com diagnóstico de disfunção tireoidiana precisam do suporte das famílias para assegurar que tomarão o medicamento diariamente e para controlar seus problemas. Também é útil que a escola conheça o diagnóstico da criança e qual medicamento está sendo administrado.

Hipotireoidismo na criança

Os sintomas do hipotireoidismo em crianças pode variar dependendo da sua idade, porém eles geralmente incluem:
  • Icterícia prolongada em bebês
  • Crescimento dos ossos/dentes atrofiado
  • Dificuldades de aprendizagem
  • Puberdade atrasada
Uma tireoide hipoativa (hipotireoidismo) é tratada através da substituição do hormônio tireoidiano em falta na criança, com um medicamento. Levotiroxina, a base do tratamento em adultos, também é recomendado para uso em crianças. No entanto, a dose é adaptada para se adequar ao peso e às necessidades específicas da criança.

A causa mais frequente de hipotireoidismo na infância e adolescência é a tireoidite linfocítica crónica, também conhecida por tireoidite de Hashimoto. É uma doença provocada pela destruição das células que produzem hormonas tireoideias levada a cabo pelo próprio organismo (doença auto-imune). É mais frequente no sexo feminino, nas crianças com diabetes e pode estar associada a outras doenças auto-imunes e doenças provocadas por alterações dos cromossomas, como por exemplo a Síndrome de Down. Frequentemente há familiares com doenças da tireoide.
Outras causas de hipotireoidismo são as malformações da tireoide, as alterações na produção de hormonas tireoideias, certas doenças do cérebro e a toma de medicamentos como os utilizados no tratamento da epilepsia.

Doenças da tireoide na criança

Assim como os adultos, as crianças sofrem, com maior frequência, com uma tireoide hipoativa (hipotireoidismo), quando o organismo produz pouco hormônio tireoidiano, o que desacelera o metabolismo; ou com uma tireoide hiperativa (hipertireoidismo), quando o corpo produz hormônios tireoidianos em excesso, causando a aceleração do metabolismo.
As crianças podem nascer sem uma glândula tireoide que funcione corretamente, ou podem desenvolver problemas com o funcionamento da sua tireoide como resultado de uma das seguintes situações, muito pouco iodo em sua dieta, uma doença autoimune (como a Tireoidite de Hashimoto ou Doença de Graves) ou lesão em sua glândula tireoide.

Habitualmente, o que leva a suspeitar de doença da tiróide são as queixas relacionadas com a produção diminuída (hipotiroidismo) ou aumentada (hipertiroidismo) de hormonas tiroideias ou o aparecimento de bócio, isto é, aumento de volume da glândula tiroideia, muitas vezes visível na base do pescoço, na face anterior.

É fundamental que os pais compreendam os sinais e sintomas dos principais problemas da tireoide para ajudar a garantir que seus filhos obtenham o apoio e tratamento que precisam.
Os sintomas do hipotireoidismo em crianças pode variar dependendo da sua idade, porém eles geralmente incluem:
  • Icterícia prolongada em bebês
  • Crescimento dos ossos/dentes atrofiado
  • Dificuldades de aprendizagem
  • Puberdade atrasada

Os sintomas comuns de uma tireoide hiperativa em crianças incluem:
  • Mudanças no comportamento/desempenho escolar
  • Insônia
  • Inquietação
  • Irritabilidade

Problemas não diagnosticados da tireoide podem ter graves consequências no desenvolvimento físico e mental da criança. No entanto, o diagnóstico precoce é simples e permitirá que a criança se beneficie de um tratamento precoce.
Fale com seu médico se seu filho apresenta algum dos sintomas acima.

Os pais podem ter a tranquilidade de saber que os problemas da tireoide podem ser tratados, permitindo que as crianças vivam uma vida feliz e saudável.

Doenças da tireoide durante a gravidez

A tireoide aumenta de volume (bócio) durante a gravidez, quase sempre entre 10 a 30%, mas este bócio não se traduz em qualquer problema desde que as hormonas estejam normais. Se for notado que tem um nódulo, pode fazer uma citologia (picada-biópsia) para ver a respectiva natureza.
A gravidez está associada a alterações, quase sempre normais e reversíveis, quer do doseamento de hormonas tireoideias, quer das dimensões da glândula.
A tireoide aumenta de tamanho durante a gravidez, ou seja, aparece bócio, o que não significa que haja alteração da produção hormonal. No entanto, podem realmente surgir aumento ou diminuição da função tireoideia. As mulheres que engravidam podem não notar os sintomas clássicos da doença, porque muitos deles aparecem também na gravidez normal. Por exemplo, uma grávida pode sentir calor, cansaço, nervosismo ou mesmo apresentar tremor das mãos. Uma observação do seu médico e o doseamento hormonal nessa altura, permitem informar do que se está a passar.
Uma mulher grávida com doença da tireoide é tratada de uma maneira diferente do homem, ou da mulher não grávida. Por exemplo, materiais radioactivos que são vulgarmente utilizados nos exames de estudo ou no tratamento destes doentes, nunca devem ser utilizados numa mulher grávida. Também a altura de uma citologia, cirurgia, ou mesmo os medicamentos para tratar o hipertireoidismo, são especiais durante a gravidez.
Deve discutir todas as suas dúvidas com o médico endocrinologista que a deverá seguir durante este período.

Tireoide e gravidez

A gravidez está associada com a necessidade aumentada de secreção hormonal pela tireóide desde as primeiras semanas após a concepção. Para que esta maior demanda ocorra, a gestação induz uma série de alterações fisiológicas que afetam a função tireoidiana e, portanto, os testes de avaliação da função glandular. Para as mulheres grávidas normais que vivem em áreas suficientes em iodo, este desafio em ajustar a liberação de hormônios tireoidianos para o novo estado de equilíbrio e manter até o término da gestação, geralmente, ocorre sem dificuldades. Entretanto, em mulheres com a capacidade funcional da tireóide prejudicada por alguma doença tireoidiana ou naquelas que residem em áreas de insuficiência iódica, isso não ocorre. O manejo de disfunções tireoidianas durante a gestação requer considerações especiais, pois tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo podem levar a complicações maternas e fetais. Além disso, nódulos tireoidianos são detectados, com certa freqüência, em gestantes, o que pode gerar a necessidade do diagnóstico diferencial entre benignos e malignos ainda durante a gestação.

Tratamento do câncer da tireoide

Mesmo que o nódulo tireoidiano seja maligno, na maioria dos casos cresce muito lentamente. E pode-se dizer mais, uma vez que o paciente começa o tratamento, as perspectivas são excelentes. Na grande maioria, os cânceres de tireoide podem ser extirpados completamente por cirurgia. Esta intervenção se chama tireoidectomia e extrai a glândula tireoide, inteira ou em parte. Em geral, a cirurgia é seguida de tratamento com iodo radioativo, para destruir tanto os resíduos de células da tireoide normais, como os de células cancerosas.
Uma vez removida a glândula tireoide, o seu médico indicará um hormônio tireoidiano para você tomar, a fim de repor o hormônio que a sua tireoide costumava produzir. Outro motivo para tomar hormônio tireoidiano depois da tireoidectomia é que o TSH produzido pela hipófise pode fazer o câncer aumentar. No entanto, ao tomar os comprimidos de hormônio tireoidiano, é enviado um sinal para a hipófise, avisando para que produza menos TSH. Tomar os comprimidos de hormônio tireoidiano ajuda a fazer isso, de duas maneiras:
  • Ajuda a repor o hormônio tireoidiano que o seu corpo produzia por si mesmo anteriormente, de modo a não entrar num estado de hipotireodismo.
  • Avisa a hipófise que ela tem de produzir menos TSH, de maneira que, se houver células cancerosas presentes, elas não vão crescer tão facilmente.
Algumas vezes o câncer de tireoide pode reaparecer ou se espalhar para outras partes do corpo, até muitos anos depois da cirurgia. É por isso que o seu médico determina que sejam feitos exames de verificação regulares, especialmente nos primeiros cinco a dez anos depois da operação.
Se você passou por uma intervenção cirúrgica para remover (total ou parcialmente) a glândula tireoide, por causa de um tumor maligno, seu especialista vai recorrer a dois exames básicos para verificar se o câncer reapareceu ou se espalhou para outras partes do corpo. Um deles é um exame de sangue chamado “determinação de tireoglobulina” e o outro é a cintilografia de corpo inteiro. Seu médico pode decidir realizar os dois exames ou simplesmente o exame de sangue.

Câncer da tireoide

O câncer de tireoide é um tumor maligno de crescimento localizado dentro da glândula tireoide.
Não é um tipo de câncer comum, nos EUA, de cada 100 tumores, apenas 1 corresponde a esse tipo.
As perspectivas de tratamento são excelentes. Em sua maioria, esses cânceres podem ser totalmente extirpados por cirurgia.
No entanto, algumas vezes este tipo de câncer pode reaparecer ou se espalhar por outras partes do corpo. Por isso, os médicos recomendam que quem teve câncer de tireoide seja submetido a exames de rotina pelo resto da vida.

Causas do câncer de tireoide
É mais provável o câncer de tireoide surgir entre as pessoas que foram submetidas na infância a uma radioterapia na cabeça, no pescoço ou no tórax.
Até 1960, a radiação era usada para diminuir adenóides, para tratar diversos problemas de pele (como a acne) e para diminuir o timo aumentado nas crianças (o timo é um órgão interno ao tórax).
Também é mais provável que o câncer de tireoide surja se você tiver um membro da família que tenha sofrido disso.

Em geral, o câncer de tireoide é descoberto pelo próprio paciente. Por isso é importante aprender a fazer o auto-exame e, ao encontrar qualquer protuberância ou nódulo na base do pescoço, consultar imediatamente o seu endocrinologista.

Seu médico também poderá notar um nódulo ou protuberância durante um exame de rotina. Neste caso, ele perguntará como você vem-se sentindo ultimamente e se já percebeu algum sintoma associado aos nódulos tireoidianos.
Depois de concluir o exame físico e anotar seu histórico médico, o endocrinologista vai pedir mais exames, entre os quais:
  • Exame de sangue (para medir o nível dos hormônios tireoidianos);
  • Exames com imagens ou cintilogramas (para obter uma imagem da glândula tireoide inteira);
  • Punção da tireoide (para verificar se o nódulo contém células cancerosas).

Carcinoma medular da tireoide

A glândula tireoide é formada por dois tipos de células: as foliculares, responsáveis pela formação dos hormônios tireoidianos, e as parafoliculares ou células C, produtoras da calcitonina.
O Carcinoma Medular de Tireoide é o carcinoma proveniente das células C, muito raro e com pior prognóstico do que os carcinomas bem diferenciados. Pode ocorrer de forma esporádica, não hereditária ou como uma doença hereditária autossômica dominante.
Na forma esporádica, acomete principalmente adultos, com média de idade por volta dos 45 anos, enquanto que na doença hereditária acomete pacientes mais jovens, com média de idade de 35 anos.
Cerca de 75% dos casos de Carcinoma Medular de Tireoide são da forma esporádica, enquanto a forma hereditária ocorre em 25% dos casos, totalizando um valor de 5 a 8% de todos os casos de carcinoma de tireoide.
O CMT se apresenta clinicamente com nódulos tireoidianos, disfalgia, estridor, dispneia e possíveis nódulos cervicais provindos de metástases.
O diagnóstico pode ser feito por histologia, padrão-ouro para o diagnóstico de lesões de tireoide. A punção aspirativa por agulha fina é outro método que pode ser empregado, pois possui alta sensibilidade e especificidade, com baixo custo e pouco invasivo e técnicas de imuno-histoquímica, marcadores tumorais e técnicas moleculares.
O principal tratamento para carcinomas de tireoide é a tireoidectomia total, retirada de toda glândula ou tireoidectomia subtotal, retirada parcial da glândula. Em casos de metástases em linfonodos é indicado o esvaziamento cervical. O uso de iodo radioativo também pode ser feito, como tratamento complementar, mas é mais utilizado em casos de risco de recidiva ou morte.

Tireoidite Autoimune Crônica

A tireoidite autoimune crônica é a tireoidite mais frequente e constitui a causa mais comum de bócio e hipotireoidismo nos países em que a alimentação fornece um aporte suficiente de iodo. É considerada um exemplo clássico de doença autoimune específica de órgão. Também é designada por tireoidite linfocítica crónica ou tiroidite de Hashimoto, embora classicamente a última designação implique a presença de bócio, o que nem sempre acontece nesta patologia.
As principais manifestações clínicas são os sinais e sintomas de hipotireoidismo. Muito raramente pode haver alternância de hiper e hipotireoidismo. Na maioria dos doentes está presente um bócio firme, simétrico e indolor; cerca de 10% têm glândulas atróficas.
Analiticamente, destaca-se a presença de anticorpos anti-TPO, fortemente positivos em cerca de 90% dos casos; estes são o grande marcador da doença e actualmente são usados para definir a existência de uma tireoidite autoimune. Os anticorpos anti-Tg estão presentes em 20 a 50% dos doentes. A TSH está dentro dos valores de normalidade ou aumentada; muito raramente pode encontrar-se diminuída.
Sob o ponto de vista ecográfico, a tireoide apresenta um padrão heterogéneo de predomínio hipoecogénico, com istmo espessado. Por vezes estão presentes «pseudo-nódulos», imagens ecograficamente semelhantes a nódulos mas que se devem a alterações inflamatórias locais.
Estas imagens podem ser difíceis de distinguir dos verdadeiros nódulos da tireoide. Um aspecto importante é o carácter temporário destas imagens, dependentes da evolução do processo inflamatório, o que permite fazer a distinção dos nódulos através da repetição do exame com alguns meses de intervalo: se houver alterações importantes das características da imagem é porque estamos na presença de um «pseudo-nódulo» inofensivo. Na fase inicial do processo existem muitas vezes adenopatias cervicais de características inflamatórias.

Tireoidite Pós-Parto

É uma tireoidite auto-imune indolor subaguda que manifesta-se dentro do primeiro ano após o parto. O quadro clínico é semelhante ao da tireoidite subaguda linfocítica, ou seja, geralmente cursando com hipertireoidismo seguido de hipotireoidismo e eutireoidismo, em um período de 1-4 meses. Contando com os casos de curso subclínico, a incidência é alta: 3-16% das gestações. A época de aparecimento mais comum é no 2° ao 4° mês pós-parto. A doença, tal como a tireoidite subaguda linfocítica, é considerada uma variante da tireoidite de Hashimoto, estando relacionada a anticorpos Anti-Peroxidase Microssomal positivos em 65-85% dos casos e a hipotireoidismo ou bócio persistente em 20-50% dos pacientes. A chance de recidiva no próximo puerpério é alta. O tratamento deve ser feito com betabloqueadores no caso dos sintomas de tireotoxicose e com reposição horrnonal, no caso dos sintomas de hipotireoidismo. O mais importante é o acompanhamento a posteriori.

Tireoidite De Quervain

A tireoidite subaguda de De Quervain é uma forma rara de tireoidite com um início mais arrastado que a forma bacteriana.
Esta tireoidite também é denominada tireoidite granulomatosa ou tireoidite de células gigantes.
Nesta doença uma infecção virusal poderá ser o factor precipitante ou mesmo causal.
Ocorre preferencialmente entre os 20 e os 60 anos e é 3 a 6 vezes mais frequente na mulher.
É mais habitual o seu diagnóstico nos meses de verão. A tireoidite é muitas vezes precedida por uma infecção respiratória.
Esta entidade caracteriza-se pela dor e inchaço da tireoide (em geral assimétrica), por vezes com febre e outros sintomas gerais tais como falta de forças, dores musculares, anorexia e emagrecimento.
O mau funcionamento da tireoide faz parte do quadro clínico, com uma fase inicial de tireotoxicose, seguida da normalização da função tiroeideia a que se pode seguir em cerca de 20-30% dos casos, uma fase em geral transitória de hipotireoidismo.
O tratamento é dirigido ao alívio dos sintomas e pode incluir a toma de anti-inflamatórios não esteróides (aspirina,…) e/ou corticosteróides.
Importa realçar a natureza benigna desta doença que é autolimitada, com resolução espontânea e sem sequelas ao fim de algumas semanas ou meses, mesmo sem qualquer tratamento.

Tireoidite Subaguda Linfocítica

A Tireoidite Subaguda Linfocítica caracteriza-se pela instalação de uma tireoidite indolor, manifestando-se apenas com um período transitório de tireotoxicose seguido de hipotireoidismo auto-limitado. Pode ser considerada uma variante mais branda da tireoidite crônica autoimune, devido à semelhança quanto ao histopatológico e ao fato de cerca de 50% dos casos evoluírem mais tarde para a própria tireoidite de Hashimoto.
Assemelha-se bastante à tireoidite pós-parto.
Nãohá tratamento específico. A conduta é tratar os sintomas cardiovasculares e neuro-musculares de tireotoxicose.
O uso das tiouréias (inibidores da peroxidase) não está indicado, pois o problema não é de síntese, mas de liberação do hormônio estocado. Nos casos de hipotireoidismo manifesto na segunda fase, deve ser feita a reposição hormonal. O paciente deve ser acompanhado após a recuperação, devido ao risco de evoluir para tireoidite crônica e hipotireoidismo permanente.

Tireoidite de Hashimoto

Também chamada de Tireoidite Crônica Autoimune, é a causa mais comum de hipotireoidismo pennanente em regiões sem deficiência da ingestão de iodo, correspondendo a mais de 90% dos casos. É uma doença característica de mulheres mais velhas, com uma prevalência em torno de 15% neste grupo (incluindo as formas subclínicas), porém, pode ocorrer em qualquer idade e em ambos os sexos. É cerca de 5-8 vezes mais comum no sexo feminino.

Etiopatogenia
A etiologia é desconhecida, no entanto, existem fatores genéticos e fatores adquiridos associados. O resultado final é uma reação imunológica voltada para uma série de antígenos tireoideanos, utilizando tanto a via celular (citotoxidade pelos linfócitos CD8) quanto a via humoral - os auto-anticorpos. Um ou mais auto-anticorpos tireoideanos são encontrados em virtualmente todos os pacientes.

Tratamento do Nódulo da tireoide

Os fatores mais importantes para a definição do tratamento são a ultrassonografia de tireoide e a Punção Aspirativa com Agulha Fina (biópsia da tireoide). Nódulos que tenham características de benignidade e que sejam pequenos podem ser acompanhados clinicamente, sem necessidade de tratamento cirúrgico. Por outro lado, nódulos que tenham características suspeitas ou que tenham uma Punção Aspirativa com Agulha Fina indeterminada, podem ter necessidade de tratamento cirúrgico. É importante lembrar que a cirurgia pode variar desde uma cirurgia mais simples (como a simples retirada do nódulo) como cirurgias mais extensas (como a retirada de toda a tireoide).

Que fazer no caso de apresentar um nódulo de tireoide

Nódulos de tireoide são normalmente identificados de 3 formas, durante um exame médico de rotina ou check-up; no caso de um paciente com sintomas de doença de tireoide ou no caso de um nódulo grande que seja visível.
No caso de um exame de rotina ou check-up, pressupõe-se que o nódulo é desconhecido pelo paciente e foi descoberto ocasionalmente pelo médico. Estes nódulos são normalmente pequenos e poderiam permanecer desconhecidos por um longo período de tempo se nenhum exame tivesse sido solicitado.
Neste caso, o médico que descobriu o nódulo deve encaminhar o paciente para investigação adequada pelo endocrinologista.
No caso de pacientes com sintomas de doenças de tireoide (hipotireoidismo ou hipertireoidismo), o nódulo pode ser identificado durante o exame clínico do paciente. É importante observar que tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo podem vir associados com nódulos de tireoide e que, na maioria das vezes, estes nódulos são benignos.
No caso de nódulos grandes, deve-se procurar imediatamente o endocrinologista para fazer a investigação e definir o tratamento de forma mais rápida possível.